Uma extradição imediata de Fuminho para o Brasil, como pretendem as autoridades brasileiras, não é a mais viável para a justiça moçambicana. Sobretudo se essa extradição for feita apressadamente, sem que Fuminho seja interrogado localmente e revele sua teia de cumplicidades locais e o património acumulado com a lavagem do tráfico feito dentro de Moçambique, incluindo a introdução de drogas no nosso país.
Uma extradição imediata de Fuminho para o Brasil, sem o
expediente do seu interrogatório local, só poderá fazer levantar uma suspeita:
o receio de sectores das classes política e económica local se verem
relacionados a um dos maiores traficantes de drogas da actualidade, seus nomes
e negócios sujos revelados. 
O que não estranharia! Fuminho veio a Moçambique porque
este país já provara se protector de narcotraficantes, alguns dos quais seguem
financiando o Partido Frelimo.
O Brasil precisa de uma extradição imediata porque
Fuminho não foi encontrado com drogas no seu apartamento no Montebello. Mas a
Polícia moçambicana tem evidências de suas ligações com correios de drogas que
nos últimos anos infestaram Moçambique com cocaína e heroína vinda do Brasil.
Só isso é motivo para ele ele permaneça encarcerado por
umas semanas em Maputo, altamente guarnecido pelas três forças que participaram
da sua detenção (e não unicamente a Polícia Federal brasileira, como
arrogantemente a imprensa daquele país tem sugerido).
Uma delação de Fuminho sobre suas ligações com Moçambique
exporia as teias criminosas que permitiram sua actuação no nosso país, e a
extensão de traficantes a si relacionados, bem como elementos das autoridades que
lhe deram uma guarida corrupta. Moçambique e os moçambicanos precisam dessa
informação.
Queremos saber os nomes dos bois que pastavam nesta selva
de enriquecimento ilícito, fingindo-se empreendedores de nata quando não
passam, também eles, de traficantes cujo património ilícito deve ser confiscado
imediatamente.
O Brasil não deve reivindicar Fuminho para si só. Ele é
um traficante transnacional. Vários países esfregam as mãos para registar duas
declarações. Nós estamos nesse grupo. A delação de Fuminho sobre seu capitulo
moçambicano será um grande instrumento contra a promiscuidade e impunidade
locais. (Marcelo Mosse)

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