700 milhões de dólares pedidos pelo Executivo moçambicano
para enfrentar a pandemia são "altamente exagerados", afirma
analista, que compara Governo a comerciantes que pedem 1.000 meticais para no
final receberem 300.
O Governo de Moçambique fez saber esta semana que precisa
nada mais, nada menos que de 700 milhões de dólares para fazer face à pandemia
da Covid-19. As autoridades de saúde argumentam que o valor vai, sobretudo,
para a componente da prevenção e tratamento. Segundo os cálculos feitos, o
dinheiro servirá para financiar a construção de hospitais e também cobrir o
deficit no Orçamento Geral do Estado (OGE), que poderá resultar da baixa de
captação de receitas.
Mas a elevada quantia que Maputo pretende obter dos
doadores internacionais, na sua maioria, causou espanto aos cidadãos,
suscitando desconfianças em relação às intenções do Governo.
"Penso que são números altamente exagerados",
comenta o jornalista e editor do semanário Savana, Francisco Carmona.
"Acho que o Governo deve estar desesperadamente em busca de dinheiro fácil
para esta previsível quebra de receitas resultante do afrouxamento da atividade
económica. Os números do crescimento económico foram revistos, saíram dos
anteriores 4% para 2,2%".
Este entendimento é um indicador claro de que os níveis
de perceção da integridade do Governo já "bateram no chão", como se
diz na gíria popular. Razões para isso há "aos pontapés" - as
"dívidas ocultas" estão aí para não deixar dúvidas a ninguém.
E se os 20 milhões de pessoas não forem um número absurdo?
Mas não foram só os cifrões que causaram admiração e
levantaram suspeitas - os números de pessoas que possam vir a ser infetadas
pelo novo coronavírus também estão a ser motivo de debate.
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