Um
estudo com 175 pacientes curados em Xangai, publicado no início de abril, sem
avaliação, mostrou que a maioria desenvolveu anticorpos neutralizantes entre 10
e 15 dias depois do início da doença
Um
paciente curado da COVID-19 pode voltar a apresentar resultado positivo? Esta
questão crucial contra a pandemia continua sem uma resposta definitiva, mas os
cientistas acreditam que conseguirão provar que imunidade ao vírus é de pelo
menos vários meses.
“Estar
imunizado significa ter desenvolvido uma resposta imunológica ao vírus que
permite eliminá-lo. E, como esta resposta tem uma memória, previne assim
futuras infecções”, explica Eric Vivier, professor de Imunologia e Assistência
Pública dos Hospitais de Marselha (França).er
Em
geral, para lutar contra os vírus do tipo RNA, como o SARS-CoV-2, “são
necessárias três semanas para produzir uma quantidade suficiente de
anticorpos”, que protegem do vírus durante vários meses, afirma.
Mas
esta é a teoria: ainda é muito cedo para determinar se acontece o mesmo com o
novo coronavírus.
“Só
podemos fazer suposições com base em outros coronavírus, e os dados também são
limitados a respeito destes”, admite o diretor de Programas de Emergência da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan.
Durante
a Sars, que deixou quase 800 mortos no mundo em 2002-2003, os pacientes curados
permaneceram protegidos “durante a média de dois, ou três anos”, indica à AFP o
doutor François Balloux, do University College de Londres.
“Portanto,
é possível voltar a ser contagiado, mas a questão é depois de quanto tempo?
Vamos saber de maneira retroativa”, prevê Balloux.
Casos
na Coreia do Sul
Um
estudo chinês recente, não avaliado por outros cientistas, mostrou que um grupo
de macacos infectados com o vírus e curados não foram novamente contaminados.
“Mas
isto não diz nada sobre a duração da imunidade”, afirma Frédéric Tangy, do
Instituto Pasteur da França, já que a observação aconteceu durante um período
curto de um mês.
Neste
contexto, o fato de que, em alguns países asiáticos – em particular na Coreia
do Sul -, ter sido informado que vários pacientes curados voltaram a dar
resultado positivo levanta muitas perguntas.
Embora
alguns especialistas acreditem na possibilidade de um segundo contágio, todos
acreditam que o mais provável é que exista outra explicação.
Em
alguns casos, por exemplo, o vírus poderia não desaparecer e infectar de “forma
crônica”, como o vírus do herpes, que pode permanecer adormecido e assintomático
durante um tempo, segundo Balloux.
Além
disso, como os testes não são 100% confiáveis, o resultado pode ser um falso
negativo e que o paciente não se livrou realmente do vírus. “Mas isto sugere
que as pessoas permanecem infecciosas durante muito tempo, várias semanas. Não é o ideal”, afirma.
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